Mark Zuckerberg anuncia fim das checagens das informações das redes Facebook, Instagram e Threads
O CEO da Meta não esclareceu se as mudanças serão implementadas fora dos Estados Unidos
Mark Zuckerberg, fundador e CEO da Meta, proprietária das redes sociais WhatsApp, Facebook, Instagram e Threads, anunciou mudanças significativas na política de moderação de conteúdo dessas plataformas. O comunicado foi feito em um vídeo na última terça-feira, 7.
Zuckerberg afirmou que as "empresas abandonarão o programa de checagem de fatos e permitirá mais conteúdos políticos".
As mudanças valem para o Facebook, Instagram e Threads, e começarão a ocorrer nas próximas semanas nos Estados Unidos, mas o empresário não deixou claro se acontecerão em outros países.
Essas modificações são consideráveis e consistem:
no fim do programa de checagem de fatos que verifica a veracidade de informações que circulam nas redes;
no fim de restrições para assuntos como migração e gênero
e a promoção de "conteúdo cívico", entendido como informações com teor político-ideológico
No vídeo divulgado, o CEO chegou a citar medidas adotadas por outros países em relação às redes sociais:
A Europa tem um número cada vez maior de leis institucionalizando a censura e tornando difícil construir qualquer coisa inovadora lá. Os países latino-americanos têm tribunais secretos que podem ordenar que as empresas retirem as coisas (das redes sociais) silenciosamente. A China censurou aplicativos de funcionarem no país.
Além disso, o empresário informou que os verificadores de conteúdo serão substituídos pelo sistema conhecido como "Notas da Comunidade". Nesse caso, serão os usuários que, voluntariamente, adicionarão notas curtas sobre o assunto abordado em determinada postagem.
Apenas os filtros para barrar postagens sobre terrorismo, exploração sexual de crianças, drogas e esquemas fraudulentos serão mantidos.
"Vamos então voltar a nossas raízes e focar em reduzir os erros, simplificar nossas políticas e restaurar a liberdade de expressão em nossas plataformas", disse o CEO.
Zuckerberg criticou ainda governos e a mídia por "pressões para censurar cada vez mais" as redes sociais, algo "claramente político".
Preocupações com informações corretas
A notícia sobre atualização da política de moderação dessas redes gerou repercussão internacional e analistas do Brasil e do exterior avaliaram que a principal motivação é política e a empresa estaria alinhada ao governo de Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos.
No Brasil, o secretário de Políticas Digitais do governo federal, João Brant, destacou que "a atitude de Zuckerberg reforça a relevância de ações que vêm sendo tomadas na União Europeia, no Brasil e na Austrália para promover direitos no ambiente digital".
Ele acrescentou que a decisão do dono da Meta "amplia a centralidade dos esforços internacionais feitos no âmbito da ONU, Unesco, G20 e da OCDE para reforçar a agenda de promoção da integridade da informação".
Brant avaliou ainda que "a declaração de Zuckerberg é explícita, sinaliza que a empresa não aceita a soberania dos países sobre o funcionamento do ambiente digital e soa como antecipação de ações que serão tomadas pelo governo Trump".
Ainda no Brasil, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), comunicou por meio de nota "que vê com preocupação o anúncio de que a Meta não apoiará mais os veículos jornalísticos dedicados à checagem de fatos e ao combate à desinformação nas redes sociais".
A Abraji destacou o trabalho de checagem de informações:
O trabalho de agências e checadores é feito de forma criteriosa e segue regras de transparência e equilíbrio quando feito de acordo com princípios estabelecidos pela organização International Fact-Checking Network (IFCN). É importante frisar que os profissionais desse segmento não retiram conteúdo do ar. Eles seguem um método que busca apontar erros factuais e informações enganosas que podem causar dano ao direito dos cidadãos de receberem informações verificadas.
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