Plataforma de petróleo é interditada e afeta repasses de royalties a municípios da Região dos Lagos
Paralisação do campo de Peregrino, na Bacia de Campos, impacta receitas de Cabo Frio, Búzios e Arraial do Cabo

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) determinou a paralisação temporária do FPSO Peregrino, plataforma localizada na Bacia de Campos e responsável por produzir cerca de 100 mil barris de petróleo por dia.
A medida foi tomada após uma auditoria realizada pela ANP, que identificou falhas de segurança graves nos sistemas de rádio (próximos a áreas críticas, como bombas de combate a incêndio) desde 2016 e que persistem até hoje, mesmo após reiteradas solicitações de reparo da agência; equipamentos degradados; situações inadequadas nas salas de baterias, entre outros.
A interdição das atividades da plataforma, por sua vez, vai reduzir os repasses de royalties para Cabo Frio, Armação dos Búzios e Arraial do Cabo, na Região dos Lagos do Rio a partir de outubro deste ano.
Cabo Frio está entre as cidades da região, e que fazem parte da área de abrangência do Portal Multiplix, que mais deve sofrer com os impactos dessa medida.
Segundo a prefeitura, a previsão de perda é de aproximadamente R$ 40 milhões até o fim do ano.
O município divulgou um conjunto de medidas de ajuste fiscal para enfrentar a queda na arrecadação de royalties.
Entre as ações confirmadas estão:
Redução de 20% em todos os contratos do município
Suspensão e cancelamento de eventos custeados exclusivamente com recursos próprios
Diminuição no número de secretarias e cargos comissionados
Reestruturação administrativa para adequação orçamentária
Ainda segundo o município, os serviços essenciais serão mantidos e os pagamentos dos servidores não sofrerão alterações.
O prefeito Dr.Serginho (PL) também informou, através de suas redes sociais, que a programação do Réveillon 2025 está mantida, uma vez que os custos serão cobertos por patrocínios e recursos externos.
A expectativa é que, já em janeiro, a arrecadação volte à normalidade. Até lá, seremos firmes para proteger o que é essencial e manter a cidade organizada.
Impactos em Arraial do Cabo
Em Arraial do Cabo, o impacto financeiro é menor.
Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, Arraial recebe cerca de 7% dos royalties provenientes do campo de Peregrino e deve deixar de arrecadar aproximadamente R$ 1,19 milhão (somados os meses de outubro e novembro), conforme dados da Organização dos Municípios Produtores de Petróleo (Ompetro).
O município disse que, por ora, não adotará medidas de contenção de despesas e reiterou que programas e serviços municipais estão mantidos.
Reflexos em Búzios
Em Armação dos Búzios, a prefeitura informou que a participação na receita do campo de Peregrino é proporcionalmente menor, mas que também haverá redução na arrecadação.
A Ompetro estima que os repasses referentes à produção de agosto e setembro serão impactados nos pagamentos previstos para outubro e novembro.
Ainda segundo o órgão, há possibilidade de redução ou suspensão da Participação Especial no próximo trimestre, caso os trabalhos não sejam retomados no prazo previsto.
O município não informou o valor que vai deixar de receber nos próximos meses, em virtude da queda na arrecadação dos royalties.
Fiscalização da ANP
A Agência Nacional de Petróleo Gás e Biocobustíveis (ANP), ao ser questionada pela reportagem, informou que a interdição do FPSO Peregrino ocorreu após uma auditoria realizada entre os dias 11 e 15 de agosto, quando foram identificadas situações de Risco Grave e Iminente (RGI), como:
Falhas na identificação e análise de riscos
Tempo inadequado para escape e evacuação em caso de emergência
Problemas no sistema de detecção de incêndio
Falhas de segurança em áreas de atmosfera explosiva
A liberação da plataforma só ocorrerá após a comprovação da correção de todas as falhas por parte da operadora, segundo a ANP.
A agência informou que o processo administrativo seguirá em andamento e poderá resultar em penalidades.
A reportagem também entrou contato com a Equinor, operadora do Campo de Peregrino.
Veja na íntegra a resposta da empresa:
"A interdição incluiu a ordem de parar a produção, após uma auditoria do Sistema de Gestão da Segurança Operacional (SGSO) do FPSO Peregrino. A auditoria destacou áreas de melhoria relacionadas às práticas de gestão preconizadas no SGSO.
A principal prioridade da Equinor é a segurança em suas operações. A empresa está seguindo rigorosamente os requerimentos das autoridades e trabalhando nas constatações da ANP. A Equinor deu início imediato às adequações necessárias com o objetivo de atender aos requerimentos e retomar a produção do campo o mais rapidamente possível.
A produção no campo de Peregrino (participação Equinor: 60%) foi reportada em 97,5 mil barris de óleo equivalente por dia no segundo trimestre de 2025.
A PRIO, parceira no campo de Peregrino (participação de 40%), assinou contratos para a transferência de titularidade e operação do campo em maio de 2025. Tais contratos estão condicionados às aprovações regulatórias e jurídicas pertinentes.
O trabalho está em andamento para concluir a transferência da operação para a PRIO, que ocorrerá conforme todas as aprovações regulatórias."
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