Prefeito de Nova Friburgo, Johnny Maycon, e grupo de autoridades chegam à Europa e embarcam amanhã para o Brasil
Embaixada do Brasil em Israel mantém, desde outubro de 2023, alerta consular que desaconselha viagem não essencial ao país

O prefeito de Nova Friburgo, Johnny Maycon (PL), comunicou na manhã desta terça-feira, 17, que já está a caminho do Brasil, após dias de medo e incerteza em meio à escalada de tensões no Oriente Médio.
Depois de cruzar a fronteira de Israel com a Jordânia, por via terrestre, ele chegou à Arábia Saudita.
Junto com ele estava um primeiro grupo de doze autoridades federativas, incluídos dois prefeitos de capitais: Cícero de Lucena (PP), de João Pessoa, e Álvaro Damião (União Brasil), de Belo Horizonte.
Johnny Maycon posa com outros gestores municipais do Brasil em aeroporto da Arábia Saudita | Foto: Reprodução/Arquivo pessoal
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, eles contrataram um voo particular da Arábia Saudita em direção ao Brasil.
Em um dos vídeos publicado em sua rede social, Johnny relatou o alívio por finalmente conseguir embarcar:
Foram dias de muita angústia, aflição, incertezas, mas agora estamos aqui, muito próximos de retornar à nossa cidade.
Em outro momento, o prefeito ainda disse que o voo fez uma escala na Espanha, na Europa.
Pousamos agora a pouco para abastecimento. A gente já, já vai se deslocar para outra localidade (não revelada) onde ficaremos, algumas horas, sem conectividade nenhuma. Amanhã de manhã, estaremos embarcando de novo. Aí sim, em definitivo para o Brasil.
A assessoria de imprensa da prefeitura de Nova Friburgo informou que o trecho terrestre entre Israel e Jordânia foi custeado pelo governo israelense, responsável pelo convite aos prefeitos brasileiros para uma missão oficial.
E ainda confirmou que o restante do trajeto para o Brasil está sendo arcado com recursos pessoais
do prefeito.
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Governo Federal acompanha retorno de brasileiros
O Ministério das Relações Exteriores (MRE) confirmou, em comunicado oficial, que acompanha atentamente a situação dos brasileiros em Israel, incluindo integrantes de duas comitivas oficiais, como a de Johnny Maycon, que estavam no país a convite do governo israelense.
Desde outubro de 2023, a Embaixada do Brasil em Israel já mantinha alerta consular desaconselhando viagens não essenciais ao país. Naquele período, mais de 1.400 brasileiros foram evacuados de Israel em operações da Força Aérea Brasileira (FAB), segundo a nota, que ainda diz:
Agora, com o agravamento da situação na região após os recentes ataques de Israel ao Irã — que levaram ao fechamento do espaço aéreo israelense —, o governo brasileiro, em articulação direta com autoridades da Jordânia e de Israel, atuou na retirada dos brasileiros.
Além da retirada de um primeiro grupo, formado por 12 autoridades brasileiras, incluindo o prefeito de Nova Friburgo, outras 27 autoridades brasileiras ainda permanecem em Israel.
Segundo o ministério, o governo israelense apresentou proposta semelhante de retirada, por via terrestre até a Jordânia, com previsão de embarque em voos comerciais nos próximos dias, dependendo da disponibilidade.
Delegação Brasileira em Missão Oficial a Israel emite nota de repúdio
Na tarde desta terça-feira, 17, o prefeito Johnny Maycon (PL) e outras autoridades políticas que estão em processo de regresso ao Brasil compartilharam uma nota de repúdio publicada pela Delegação Brasileira em Missão Oficial a Israel.
Veja o comunicado na íntegra:
Nós, prefeitos, vice-prefeitos e demais autoridades públicas que integram a delegação brasileira em missão oficial a Israel, vimos a público manifestar nosso profundo desacordo e surpresa com a NOTA À IMPRENSA Nº 269 do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty). A referida nota afirma que o governo brasileiro não tinha conhecimento da missão e que esta teria ocorrido em desacordo com recomendações consulares emitidas em 2023.
Tal declaração contradiz frontalmente o que foi afirmado à própria delegação em reunião online com a representação diplomática brasileira em Tel Aviv, realizada no último sábado, 14 de junho. Nessa ocasião, os diplomatas confirmaram ter sido devidamente informados, com antecedência, sobre a missão, particularmente no que diz respeito à segunda comitiva de prefeitos e a um governador, informação esta repassada pelo consórcio de municípios organizador da viagem. Se a representação diplomática foi previamente avisada, como reconheceram seus próprios representantes, questionamos a ausência de qualquer advertência formal ou impedimento à realização da missão.
Causa-nos ainda maior estranhamento o fato de que um país com o qual o Brasil mantém relações diplomáticas convide e receba autoridades públicas brasileiras — inclusive para uma agenda organizada com o apoio direto do governo de Israel — sem que o Itamaraty e a nossa representação diplomática naquele país tivessem conhecimento do fato. Mais grave ainda é que, em meio a um cenário de guerra, quando autoridades brasileiras — eleitas e em pleno exercício de suas funções — se encontram sob risco e buscam o apoio de seu país, recebem como resposta um comunicado que mais se assemelha a uma reprimenda do que a uma manifestação de solidariedade e proteção.
Reiteramos que nossa missão se deu com propósito institucional e de boa-fé, conforme as normas republicanas, com agenda oficial e objetivos públicos. O momento exige responsabilidade, unidade nacional e compromisso com a verdade.
A reportagem entrou em contato com o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) e aguarda posicionamento sobre a declaração.
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