Planador científico cai em mata fechada de Nova Friburgo e mobiliza buscas de equipe voluntária

No último dia 7, domingo, um planador em formato de asa, lançado por meio de um balão de gás hélio para testes na estratosfera, caiu em uma área de mata fechada de Nova Friburgo, Região Serrana do Rio.

O lançamento foi feito na Fazenda Ribeirão, em Barra do Piraí, Região Sul Fluminense, e ocorreu com autorização do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) e do Sindicato Nacional dos Controladores de Tráfego Aéreo (Sindcta), garantindo segurança da operação.

Veja momento da decolagem:

O experimento científico, realizado pelo grupo Rio Maker Space, teria passado pela estrada de Fazenda da Laje e caído entre Janela das Andorinhas e o morro Manoel do Queijo.

O planador ficou em voo por quase três horas em linha reta até que o balão de sustentação estourasse devido à gravidade.

A partir desse ponto, a asa iniciou o processo de planagem, mas acabou caindo.

Desde então, o equipamento perdeu o sinal de GPS, o que tem dificultado a sua recuperação.

As buscas são realizadas por voluntários do Rio Maker Space, como a Gigalink, em Nova Friburgo, que enviou técnicos ao local.

Eles fizeram uma varredura em um raio de 200 metros de mata fechada.

Devido as características do terreno, o objeto ainda não foi localizado.

Uma recompensa (de valor não divulgado) foi anunciada pelo grupo para quem ajudar no resgate.

Quem encontrar a asa ou parte dela deve entrar em contato pelos números fixados em adesivo no próprio equipamento.

Experimento científico

O planador foi desenvolvido em papel pluma e equipado com sensores incluindo telemetria, que mede e transmite dados a distância, em tempo real, por meio de sistemas eletrônicos e de comunicação.

O projeto é inteiramente voluntário e tem como meta coletar dados de voo em grandes altitudes.

Segundo o diretor do Rio Maker Space, Lihoy Belíssimo, o caráter aberto do experimento é o que garante relevância para a comunidade científica:

Isso é importante porque essa asa e toda essa instrumentação desenvolvida vai ser utilizada na área acadêmica, na área científica, na comunidade 'maker', entre profissionais e amadores. Ela foi desenvolvida com open source, tecnologia de código e hardware abertos. Isso vai gerar uma nota técnica aberta à comunidade para ser reprodutível a outras pessoas, comunidade acadêmica, a quem se interessar.

A iniciativa é também uma evolução de um projeto lançado em 2019, que teve seus equipamentos perdidos.

Desta vez, o grupo trabalhou no aprimoramento da tecnologia para permitir que a asa retornasse ao ponto de lançamento ou o mais próximo possível, facilitando a recuperação do material.

Tecnologia embarcada

Durante o voo, o planador enviou informações, em tempo real, para uma estação em terra, por meio de rádio LoRa, tecnologia de comunicação de longo alcance.

Entre os dados coletados estavam:

• temperatura e pressão atmosférica

• umidade do ar, em diferentes camadas da atmosfera

• e aceleração e inclinação, medidas por sensores de três eixos

Além da coleta ambiental, o grupo também busca observar os efeitos da baixa pressão e temperatura sobre os componentes eletrônicos utilizados.

Voluntariado e financiamento coletivo

O projeto é financiado pelos próprios integrantes, que organizam vaquinhas online para custear os materiais.

A equipe é formada por voluntários de diferentes áreas: estudantes, engenheiros, programadores e cientistas de dados e físicos.

O valor total investido no projeto não foi divulgado.

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