'Em plena semana do Dia da Mulher', diz vítima que denunciou importunação sexual em Nova Friburgo

Neste sábado, 8 de março, é celebrado o Dia Internacional da Mulher, um momento de reflexão e conscientização sobre as conquistas e os desafios enfrentados pelas mulheres.

No entanto, em Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, uma denúncia de importunação sexual, que ocorreu nessa quinta-feira, 6, evidencia o quanto ainda é necessário reforçar medidas de proteção e exigir leis mais rigorosas para combater esse e outros crimes contra as mulheres.

Carolina Godinho relatou, por meio das redes sociais, os momentos de tensão que viveu dentro do elevador de um edifício comercial no centro da cidade.

Segundo a vítima, ela chegou ao prédio por volta das 8h para um atendimento com uma manicure quando, ao entrar no elevador, foi abordada por um homem:

Antes de entrar no elevador, na rua onde eu faço [as unhas], aqui no centro de Friburgo, percebi que tinha uma viatura [da polícia] próximo ao laboratório, mas enfim, vida que segue. Subi, entrei no elevador. Quando eu entro no elevador, veio esse homem e aí, o tempo todo, ele entra no elevador e tenta me encurralar para me passar a mão, não sei o que ele iria fazer ali. E aí, eu fiquei absolutamente nervosa. Eu Carolina, orientada, porque tenho acesso à informação, fiquei assim. Eu acho que isso é uma situação que nenhuma mulher, que nenhuma pessoa no mundo, quando você está vivendo, acredita naquilo.

Carolina continua o relato dizendo que o homem chegou a perguntar em que andar ela desceria:

Eu só consegui me afastar dele porque estava uma situação completamente desconfortável para mim. E aí eu cheguei a ouvir dele dentro do elevador, ele me perguntou qual andar e olhou e falou assim 'é o terceiro, né?!'. Aí eu falei assim, 'sim, é o terceiro', aí ele 'ah, então vai demorar'. E deu uma risada.

A vítima conseguiu sair do local e falar com o porteiro do prédio. O profissional teria contado a ela que viu o ocorrido no elevador e disse que um caso semelhante aconteceu no mesmo dia:

Ele me falou 'olha, ele fez isso no laboratório, por isso que tinha uma viatura aqui hoje de manhã e ele fez isso com outra mulher aqui hoje de manhã no prédio. Com outra mulher ele chegou de fato a passar a mão nela'. Ele me falou também, 'olha e inclusive a polícia quando fichou ele viu que ele já tinha sido preso, inclusive por estupro, ele tinha várias e várias coisas no nome dele'.

Carolina segue o relato e diz que ficou anestesiada, sentindo que "seu mundo caiu", mas sabia que não poderia deixar isso passar. Ela, ainda em meio ao susto, pegou as imagens para registar um boletim de ocorrência. Foi até a delegacia e, ao chegar lá, teve uma surpresa.

Carolina não lembrou que, para ir à Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), deveria entrar pela lateral e, por isso, ficou aguardando na entrada principal da 151ª DP:

Quando eu cheguei, tive que dizer o que tinha acontecido comigo numa sala onde tinham seis pessoas, onde eu não estava sentada em uma mesa. Eu estava simplesmente no balcão de atendimento e tive que falar isso alto para todo mundo ouvir. Então, assim, se uma mulher de fato tivesse sofrido um estupro, o que fosse, era esse tipo de atendimento que ia receber. Na hora, nem pensei nisso, e aí fui atendida.

Carolina disse que não houve sigilo nem acolhimento durante o registro da ocorrência:

Em nenhum momento eu me senti acolhida. Eu acho que a gente, como mulher, espera que o acolhimento venha nessa hora, inclusive de uma outra mulher. Esse acolhimento não veio.

A vítima explica que, depois de relatar o ocorrido, recebeu uma resposta inesperada dentro da Deam:

Ela [a pessoa que realizou o atendimento] foi e falou 'olha, sinceramente, não vai dar em nada porque ele nem te encostou'. E aí, eu falei 'como assim não vai dar em nada? Ele precisava ter feito algo para que fosse tomada alguma providência?'

Segundo Carolina, a resposta que ela recebeu na Deam foi:

Não, você pode fazer o registro, você quer fazer? A outra moça fez o registro, eu estou com ele aqui, inclusive ela até colocou como realmente importunação sexual.

A vítima enfatiza que o homem, de fato, encostou nela e espera que algo seja feito sobre o caso:

Eu espero muito que isso dê realmente em algo. Eu acho que em algo tem que dar. E é muito triste a gente como mulher, a nossa palavra só não basta ali. Eu tive ainda que pensar nisso, que eu tinha que ter alguma coisa para comprovar.

Carolina finaliza o vídeo alertando sobre crimes como esse.

Tome cuidado! Eu venho aqui falar em nome das minhas amigas, das minhas primas, da minha mãe, das minhas tias, porque eu não quero que isso aconteça com elas também, e nem com nenhuma mulher. Eu acho que a gente não deveria passar por isso. Em pleno 2025, semana da mulher ter que vir falar o óbvio, né? Então se cuidem! Eu peço que vocês compartilhem esse vídeo para que outras pessoas não passem pelo que eu passei.

Nas redes sociais, o vídeo já ultrapassou 117 mil visualizações e conta com mais de 4.000 compartilhamentos. Diversas pessoas, principalmente mulheres, se solidarizaram com Carolina, oferecendo apoio e exaltando sua coragem e força ao denunciar o caso.

A reportagem entrou em contato com a Deam e foi informada, por meio de nota, que a ocorrência foi registrada, o autor identificado e o inquérito se encontra em fase de conclusão.

Sobre o relato da vítima quanto ao atendimento recebido, a assessoria de imprensa da delegacia afirmou:

A Deam Nova Friburgo prioriza e valoriza o atendimento humanizado e acolhedor. Diante do relato, a unidade realiza diligências para melhor entender os fatos e, se for o caso, adotar medidas cabíveis.

O Portal Multiplix também entrou em contato com a Polícia Militar que informou, por meio de nota, que foi acionada para atender ocorrência de importunação sexual no centro do referido município:

No local, a equipe deteve o suspeito e o conduziu à Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam). Cabe ressaltar que à Polícia Militar foi acionada após o fato e precisou realizar buscas para deter o homem.

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