Mais raios no céu de Nova Friburgo: Inpe registra 7.237 descargas elétricas no último mês
Saiba o que fazer para evitar riscos quando ocorrem tempestades, raios e relâmpagos
Dizem que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Mas, qual o risco que a queda de um raio causa? Com as chuvas frequentes no Estado do Rio de Janeiro, e problemas isolados com as descargas elétricas, a pergunta fica no ar.
Em Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, um temporal e a queda de um raio em uma casa, recentemente, causou um incêndio no imóvel localizado no bairro Amparo, em Nova Friburgo. Ninguém ficou ferido.
Na tarde de terça-feira, uma casa no bairro Varginha pegou fogo. A suspeita dos moradores é que a causa também tenha sido a queda de um raio, mas o Corpo de Bombeiros não confirmou a informação.
No dia 7, um homem morreu em Saquarema, na Região dos Lagos do Rio, após ser atingido por um raio.
A probabilidade média de uma pessoa morrer atingida por uma descarga elétrica dessas no Brasil, ao longo de toda a sua vida, é de uma em 25 mil, considerando uma expectativa de vida em torno de 75 anos.
Na última sexta-feira, dia 10, um registro do fotógrafo Fernando Braga viralizou na internet. Ele captou o exato momento que um raio caiu em cima de um dos maiores cartões postais do Brasil, o monumento do Cristo Redentor.
Imagem do raio no Cristo Redentor viralizou | Foto: Fernando Braga
Os raios têm sido vistos com mais frequência e, de acordo com o Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a incidência das descargas elétricas no céu de Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, aumentou.
Foram registrados pelo Inpe 7.237 raios em janeiro desse ano na cidade. Quase o dobro do que foi notificado em 2022, quando ocorreram 4.062 descargas elétricas no céu friburguense.
Esse fenômeno celeste que causa sensações paradoxais, de medo e deslumbramento, foi registrado por um outro fotógrafo, o friburguense Jackson Klein. De um ponto alto na cidade, ele fotografou o céu riscado de raios na noite de segunda-feira, depois de uma tempestade.
Jackson contou que não é difícil fazer foto dos raios no céu, mas é necessário ter uma noção de fotografia para configurar uma câmera. “Mas essa foto fiz de uma câmera de ação, a gopro, e saiu esse resultado”, disse o fotógrafo.
Segundo o doutor em geofísica espacial e coordenador do Elat, do Inpe, Osmar Pinto Júnior, esse aumento de raios pode ser fruto da intensificação de tempestades no Brasil. Mas ele ressalta:
É necessário analisar os dados dos próximos anos para constatar a causa desse crescimento.
Intensidade típica de um raio é de 20 mil ampères | Foto: Fernando Braga
O que é um raio e como ele se forma?
De acordo com o Inpe, raio é o nome designado para um relâmpago que atinge o solo. Os relâmpagos são descargas atmosféricas de grande intensidade que ocorrem dentro das nuvens de tempestade – também conhecidas como nuvens Cumulonimbus – a partir de cargas elétricas provocadas pelo atrito entre partículas de gelo.
Quando o campo elétrico produzido por essas cargas excede a capacidade isolante do ar, a descarga elétrica se forma. Relâmpagos também podem ocorrer no interior de uma nuvem, entre duas nuvens ou de uma nuvem para o ar.
A intensidade típica de um raio é de 20 mil ampères, cerca de mil vezes a intensidade de um chuveiro elétrico.
O trovão, por sua vez, é o barulho produzido pelo deslocamento do ar na região da atmosfera onde a corrente elétrica do raio circula.
Como os raios podem atingir uma pessoa?
Os raios atingem e matam mais de forma indireta, por meio de correntes que vêm pelo chão ou por objetos próximos.
Estar embaixo ou próximo de uma árvore é um exemplo no qual muitas pessoas são atingidas indiretamente por uma descarga lateral, que se desloca do ponto atingido e encontra no corpo humano um caminho menos resistente para chegar ao solo.
Ranking no Brasil
As estatísticas mostram que a cada 50 mortes por raios no mundo, uma é no Brasil, o país campeão mundial em incidência de raios, atingido por 78 milhões de descargas atmosféricas por ano.
Em média, o fenômeno mata no país 110 pessoas, deixa mais de 200 feridos e causa, a cada ano, prejuízos de um bilhão de reais.
Em que época do ano os raios matam mais?
Em 20 anos – 2000 a 2019 – 43% das mortes por raios ocorreram no verão e 33% durante a primavera.
Esses são os períodos do ano em que as altas temperaturas e umidade do ar favorecem a formação de tempestades e raios.
Como se proteger?
O Elat analisou as mortes causadas por raios no Brasil nos últimos 20 anos – 2000 a 2019 – e aperfeiçoou as orientações de proteção contra os raios.
A atividade agropecuária concentra a maior parte das mortes causadas por raios no Brasil: 26% dos casos.
O que não fazer sob os riscos de uma tempestade na área rural?
Colher frutas, abrigar-se ou caminhar perto de árvores;
Ficar próximo a animais ou andar a cavalo;
Ficar próximo a cerca de arame;
Carregar ou ficar próximo a objetos metálicos pontiagudos, como enxadas, pás e facões;
Ficar próximo de veículos, como tratores, carros ou dentro de carroceria de caminhão;
Abrigar-se em áreas cobertas, que protegem da chuva, mas não dos raios, como varandas, barracos e celeiros.
Outras recomendações:
Continuar jogando futebol ou permanecer no campo;
Caminhar em áreas descampadas, como terreno baldio, cemitério e canteiro de obra;
Caminhar ou ficar parado em rodovias, ruas ou estradas;
Subir em locais altos, como telhados, terraços e montanhas;
Ficar próximo a varal de metal, antena ou portão de ferro.
O que não fazer dentro de casa:
Embora durante uma tempestade seja mais seguro estar dentro de casa do que ao ar livre, essa é segunda circunstância em que mais morrem pessoas por raios no Brasil, com 21% das fatalidades.
Utilizar equipamentos elétricos ligados à rede elétrica ou ficar perto de tomadas;
Falar ao telefone com fio ou utilizar celular conectado ao carregador;
Tomar banho em chuveiro elétrico;
Ficar próximo a janelas e portas metálicas;
Ficar próximo à rede hidráulica (torneiras e canos).
Veja as opções mais seguras de abrigo para qualquer cenário:
Entre em um veículo não conversível e feche as portas e vidros, evitando contato com a lataria;
Entre em moradias ou prédios, mantendo distância das redes elétrica, telefônica e hidráulica, de portas e janelas metálicas;
Entre em abrigos subterrâneos, tais como metrôs ou túneis;
Se não houver nenhum abrigo seguro por perto o Inpe recomenda:
Afaste-se de qualquer ponto mais alto e de objetos metálicos, mantenha os pés juntos e agacha-se até a tempestade passar;
Não fique deitado.
Como dizem os mais velhos, 'com a natureza, não se brinca', e para evitar acidentes e risco de vida, 'todo cuidado reunido, ainda é pouco'.
Mas, caso ocorra algum problema causado por raio, os moradores devem acionar o Corpo de Bombeiros (193) ou a Defesa Civil (199).
Receba as notícias do Portal Multiplix direto no WhatsApp. Clique aqui para participar.