Acompanhando as mudanças climáticas

Mudanças climáticas, no contexto global e local, já não são mais hipóteses ou devaneios de ambientalistas, mas uma realidade que vem sendo anunciada e demonstrada com dados pelas ciências. As pessoas com maior vivência em seus respectivos territórios comprovam que houve, nas últimas décadas, mudanças progressivas do clima nas diferentes estações.

A grande mídia e as redes sociais publicam e postam constantemente os fatores geradores dessas mudanças, sobretudo pela destruição de nossos ecossistemas, a extinção de espécies, o aumento da escassez dos recursos hídricos, as mudanças no regime de chuvas, as inundações, entre outras.

Prescindindo dos alarmismos e catastrofismos exagerados, temos que tomar consciência que estes sinais silenciosos e manifestativos de tais mudanças é como uma doença que atinge o nosso planeta, podendo gerar consequências futuras maiores do que imaginamos.

Prevenção, mitigação e adaptação são atitudes que devem fazer parte de nossa vida em sociedade, pois a grande escala dessa problemática ultrapassa a nossa capacidade de combater em curto prazo os efeitos danosos das mudanças climáticas.

Felizmente, as novas tecnologias, a diversificação das matrizes energéticas, o combate ao desmatamento e algumas atividades de educação ambiental vêm contribuindo para minimizar os efeitos maiores das mudanças, desenvolvendo alternativas e buscando criar uma cultura de sustentabilidade.

Cidades como Nova Friburgo, detentora de relevos acidentados e uma riqueza de bioma florestal, formações de campos de altitude e um generoso patrimônio biológico, devem proteger e criar sistemas de gerenciamento das reservas existentes, com o objetivo de prevenir contra os impactos das mudanças.

Não podemos esquecer a importância da forte relação do bioma de mata atlântica com os recursos hídricos e a diversidade da fauna e da flora. Estes relevos mais acidentados, caso não tenha ocorrido uma alteração significativa do solo, poderão ser no futuro abrigo para algumas espécies, pois o aquecimento global pode gerar um processo de migração de alguns seres vivos em direção às altitudes mais elevadas, conforme nos mostram os dados científicos.

A diminuição da umidade, sobretudo em áreas alteradas, dificultaria o processo de germinação e crescimento de algumas espécies, como o palmito (Euterpe edulis), a samambaia-açu (Dicksonia sellowiana), as bromélias e tantas outras que hoje são encontradas no município, algumas das quais ameaçadas de extinção. Campos de altitude, como o alto do Caledônia, são ecossistemas que também sofrerão impactos com as mudanças climáticas, seja pelo aumento da radiação solar no aquecimento global, seja pela escassez de água em determinados períodos do ano, afetando a dinâmica das espécies endêmicas daquele lugar.

As alterações ambientais nas áreas de mata atlântica que fazem limites com os campos de altitude, impossibilitam os processos de expansão da vegetação de altitude, sobretudo por fatores relacionados com o solo.

É bom lembrar que os dados conhecidos até o momento, em Nova Friburgo vamos encontrar 122 espécies vegetais ameaçadas e criticamente ameaçadas de extinção. Políticas ambientais públicas são fundamentais, protegendo os ecossistemas, diminuindo as ocorrências de queimadas, evitando a ocupação irregular das áreas com maior declividade, sobretudo àquelas que apresentam riscos para a população.

Não podemos esquecer que a educação ambiental para aumentar a consciência da importância ecológica do município e de sua contribuição com a qualidade de vida, o sequestro de carbono e uma confortável relação do número de habitantes por área verde são coisas fundamentais neste cenário de mudanças climáticas.

O amor histórico e cultural pelo município deve estar relacionado com a riqueza ambiental existente em seu território.