O Provedor OTT
Para quem nunca ouviu falar, o termo OTT, em inglês, Over The Top (que está acima do teto, que não depende de quem é o provedor, em tradução livre) é uma expressão usada para aplicações de streaming de conteúdo, que rodam na internet e que não dependem do provedor de serviços de internet, como por exemplo: Netflix, HBO Go, Globo Play, TV Express etc. Estas aplicações são instaladas pelos usuários que, por sua vez, contratam diretamente estes serviços pela internet, pagando por cartão de crédito (cartão internacional) diretamente a essas empresas. Muitas vezes, nem tributação pagam, pois são serviços prestados além das nossas fronteiras e não tem controle por parte das autoridades regulatórias ou fiscais.
Atualmente, com a facilidade, a evolução das redes de comunicações globais, ficou muito fácil contratar estas aplicações, pois é muito baixo o tempo de resposta, funcionando muito bem, mesmo estando em outros países. Elas estão armazenadas pelos equipamentos regionais de cache (CDN do Google etc.).
O entendimento deste conceito de vender um serviço OTT, pela internet que não depende do provedor de serviços ao qual você tem sua conexão de internet, é fundamental para a reflexão que faço a seguir.
Com o advento das redes neutras, redes físicas de cabos que são disponibilizadas a terceiros para oferecerem internet, com sistemas independentes de controle, ficará mais fácil oferecer, além do acesso à internet, os outros serviços.
Serviços como de análise de redes internas da sua residência ou de sua empresa poderão ser monitorados remotamente e terão os problemas resolvidos, sendo vendidos e prestados da mesma forma que streaming OTT. Chamaremos de serviços OTT.
Um novo mercado se abre a esta modalidade de serviços. Empresas de serviços OTT poderão oferecer soluções para as mais diversas dores e necessidades do assinante. Imagine que estes assinantes possam gerir a segurança dos seus equipamentos de IoT (Internet of Things - Internet das Coisas, que seriam equipamentos de controle de geladeiras, ar-condicionado, câmeras etc.) sem sequer saber ou precisar de alguma liberação do seu provedor local. Quem sabe atender o interfone da portaria do seu prédio, atendendo a esta ligação, utilizando o seu celular, mesmo você estando longe do seu apartamento. Ou mesmo dar suporte ao seu tablet ou notebook remotamente. Um App que verifica se está faltando comida para o seu pet, solicita e encomenda automaticamente a ração. Um serviço de monitoramento de sinais vitais que avisa que a sua avó está com arritmia e pressão alta, enviando um alerta para você e seu médico.
Em breve, poderemos contratar inúmeros serviços OTT, sem precisar depender do provedor. Isto está ficando possível. Os equipamentos estão cada vez mais inteligentes* e conseguem aprender* novos cenários e situações com o passar do tempo.
Hoje, os provedores de serviços que atendem apenas com serviços a seus assinantes começarão a ser atacados e sofrer a concorrência por empresas de serviços OTT. Estes serviços começarão a competir pelo faturamento (ticket médio) do provedor e este precisará diminuir seu valor de ticket para manter o seu assinante ativo. O acesso à internet será uma coisa muito comum, que qualquer um poderá ofertar, ainda mais com as redes neutras.
O futuro provedor de serviços deverá procurar novas aplicações, que de preferência não dependa de sua rede de acesso ao assinante. Isto não é ficção e está acontecendo debaixo dos nossos narizes.
O provedor precisa investir na capacitação de seus colaboradores, contratar plataformas que permitam oferecer novas soluções e novos serviços, e oferecer aos seus assinantes serviços extras sob a forma de OTT.
Existem alguns obstáculos para que o provedor possa oferecer serviços acessíveis e de forma mais popular, mas quem começar a se ligar agora nessa oportunidade poderá ficar à frente de seus concorrentes.
O futuro dos provedores se dividirá entre provedores de acesso e provedores de serviços OTT.
* AI, Artificial Intelligence - Inteligência artificial e ML, Machine learning - aprendizado de máquina.
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